No distante 23 de abril de 1936, enquanto a maior parte da cidade se dirigia com pompa para as festividades católicas do dia de São Jorge, um pequeno grupo de espíritas fundava uma das primeiras instituições espíritas do bairro Menino Deus, o então Centro Espírita Luz e Caridade.
A falta de mais dados históricos do período nos impede de maior precisão, mas atualmente o bairro conta com três antigas casas espíritas com fundamentos kardequianos.
A mais antiga em termos de fundação, é a Sociedade Espírita Dr. Ramiro D’Ávila, fundada por Gedeon Leite quatro anos antes, em abril de 1932, mas que em 1936 ainda era localizada na sua sede original, no limite entre os bairros Centro e Cidade Baixa, em trecho da Rua Avaí que deixou de existir em meados do século passado para construção da primeira perimetral de Porto Alegre, quando a “Sopa do Pobre” mudou-se para o Menino Deus.
Outra instituição importante em antiguidade é a Casa do Jardim, criada em 1965 pelo doutor José Lacerda como divisão do Hospital Espírita de Porto Alegre, ocupando uma “casa” nos jardins daquela instituição do bairro Teresópolis. Sua mudança para a sede do Menino Deus foi apenas no final da década de 1990.
Fora essas duas mais antigas, no entorno da Avenida Getúlio Vargas, coração do Menino Deus, existem outras casas mais jovens, de bases tanto kardecistas quanto universalistas e mistas, mas falando em instuições “nascidas e criadas” no bairro, nossa Casa é a mais antiga.
A instiuição mudou de denominação nos anos 1960 para “Sociedade Espírita Luz e Caridade – SELC”, nome que manteve até 20 de setembro de 1991, quando assume nova dinâmica e passa a chamar-se “Centro Cultural Espírita de Porto Alegre – CCEPA”.
São oitenta e nove anos de história, de profundas e importantes contribuições para o Espiritismo, em nível local, regional, nacional e internacional. É o berço do estudo sistematizado, onde onde surgiram as primeiras experiências com grupos de estudos na década de 1970, levados com sucesso para a federativa estadual e, por fim, para a federativa nacional, onde os roteiros iniciais ganharam um intenso tratamento pedagócico de acordo com a interpretação doutrinária federativa e espalharam-se pelo país na forma do “Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – ESDE”. O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre foi muito importante, senão fundamental, no retorno e consolidação no Brasil da antiga Confederação Espírtia Pan-Americana, atual Associação Espírita Internacional – CEPA, contribuindo com figuras de peso, que conduziram com maestria a candeia do pensamento espírita no caminho das reflexões sobre sua progressividade e atualização permanente, em sintonia com os métodos do pensamento analítico de Allan Kardec.
Em nível pessoal, atuando hoje como o décimo sétimo presidente, na trigésima primeira gestão administrativa da história registrada de nossa Casa como CELC/SELC/CCEPA, meus sentimentos são de profunda gratidão por toda a mudança e crescimento que essa querida instituição trouxe para minha vida. A sensação de familiaridade e acolhimento, a amizade natural, honesta e franca, a sintonia de pensamentos e os desafios para manter uma estrutura que, ao mesmo tempo, seja aberta para o público leigo que chega com inúmeras necessidades espirituais e também fiel as bases filosóficas não-dogmáticas, pedagógicas e emancipadoras do espírito humano, que moldaram a atmosfera espiritual do CCEPA.
Ao nosso querido CCEPA! Parabéns por mais um aniversário!
Que os bons amigos da espiritualidade, os “anjos da guarda”, “santos protetores” de toda e qualquer denominação, seres iluminados que trabalham em todos os planos de existência mais densos ou mais sutis, continuem caminhando conosco, nos acompanhando com irmãos mais velhos na condução dessa chama de luz, caridade e liberdade de pensamento, que marca cada período de nossa história.
Do seu então presidente,
Beto Souza – J.R. de Souza Neto
Em 23 de abril de 2025.
