“Recebi com imenso carinho e com uma pontinha de orgulho, até, as manifestações dos amigos deste grupo pela passagem de meus 84 anos. Destas oito décadas e um pouco mais, mais de 40 anos dediquei quase que integralmente ao espiritismo. Vendo, hoje, se desenvolverem, aqui, com brilhantismo e seriedade, ideias com as quais sonhei, desde o início de minha caminhada, minha alma se enche de satisfação. Sem muito me manifestar e preferindo refletir sobre os avanços propostos e discutidos neste grupo, aplaudo silenciosamente o momento que vivemos. Penso que é um grande momento. Talvez aquele antevisto por Kardec como o “Período Intermediário” em que amadurecem firmemente ideias capazes de levar a proposta espírita a um estágio de transformações conscienciais globais, mesmo que não se as associe concretamente àquilo que denominamos “espiritismo”.
Quero felicitar, pois, os pensadores e expositores de ideias transformadoras que aqui circulam. Mais reservado, procuro assimilar mentalmente esse processo. Valorizo imensamente os esforços traduzidos em propostas, debates, reflexões aqui circulantes. A Dora, ao me cumprimentar, ontem, me qualificou como “espírita e trovador”. Espírita, como disse, sou há mais de 40 anos. Trovador resolvi sê-lo de dois ou três anos pra cá. Acho que a velhice leva a gente à busca de uma síntese da vida e de tudo que nos rodeia. A trova literária é, talvez, a expressão formal mais sintética da arte de escrever. Resolvi adotá-la como um exercício mental capaz de me manter ativo e atualizado com o mundo, e, especificamente, com o espiritismo, e suas ideias libertadoras, neste entardecer da existência. “Espírita e trovador” bem que me identifica.
Se meu corpo fosse inumado, quando morrer, possivelmente essa seria a inscrição ideal a ser posta em minha sepultura. Como prefiro a cremação, que minhas trovas, publicadas, uma a cada dia, em minha página de Facebook, inspiradas em minhas concepções imortalistas, reencarnacionistas e evolucionistas, fiquem como legado de minha modesta passagem por esse Planeta. Obrigado, amigos, por fazerem parte de minha vida. Ontem, dia em que completei 84 anos, publiquei na minha página esta quadrinha: “Resolvi viver na bolha, / Só junto de sei bem quem. / Privilégio dessa escolha / Só na velhice se tem”. Vocês todos fazem parte dessa bolha em que resolvi ficar, nesta fase da vida, mas cujo tamanho espero cresça, cresça muito e abranja, finalmente, a Terra, como foi propósito do Mestre Kardec. Obrigado!
(Postagem no ZAP da CEPABrasil, em 12.01.2025)